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#Soneto2: Célia Bitencourt / Maestrina

Bom dia, boa tarde, boa noite!

Célia Bitencourt, atual regente da Fanfarra Marcial Walther Weiszflog de Caieiras , nasceu em 6 de julho de 1981 no município de Caieiras. Iniciou seus estudos em música aos 10 anos de idade, estudando violão popular com a cantora e violonista Fátima Gabrielli.

Dos 11 aos 14 anos participou do curso de flauta doce promovido pela FDE através do Programa Escola Aberta na Escola Estadual Capitão Alberto Graf.

Aos 13 anos entrou para a Fanfarra de Caieiras, onde integrou o naipe de cornetas, sendo que a partir de 1995 passou também a ser uma das instrutoras do grupo, sob orientação do maestro Zilton Bicudo e do trompetista José Branco Zuglian.

Em 2005 entrou para a Orquestra de Sopros Melhoramentos de Caieiras, onde estudou teoria musical com o maestro e trombonista Luiz Carlos Crema, e iniciou seus estudos em flauta transversal com o flautista Edson Pacheco.

Participou de vários cursos, palestras e festivais de forma a aprimorar sua prática como educadora musical e maestrina.

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No Ritmo da Vida. Na Batida do Coração! Equipe Toque2

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Quem fez?

Vinheta: Equipe Toque2

Arte da Vitrine:Anderson Costa

Edição: Josisley Souza

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Introdução: 00:00:14

Programa: 00:03:05

Toca na Pista: 00:52:18

Tempo Total: 01:03:38

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Transcrição do PodCast para acessibilidade há deficientes auditivos:

INÍCIO

Vinheta de Abertura: Podcast Soneto. Música em palavras. Uma produção do site Toque 2 Bandas e Fanfarras.

Áudio do Youtube: Áudio da música For the Fallen de David Shaffer

ABERTURA:

Josisley: Bom dia. Boa tarde. Boa noite. Sejam bem-vindos a mais um podcast Toque 2 Bandas e Fanfarras, este que é mais um da série soneto, que nós estamos batendo um papo bem bacana aqui com personalidades com pessoas que trabalham para o meio de bandas e fanfarras colaboraram de alguma forma. Como é de praxe, hoje é um bate papo, então nossos amigos maestros não estão presentes, mas hoje vou conversar com uma pessoa muito especial, um papo bem bacana, tenho certeza que tem muita coisa para gente descobrir, a maestrina Célia Bittencourt, da Fanfarra do Valter de Caieiras. E eu vou falar só Fanfarra do Valter, porque eu não sei falar o resto. Olá, Maestrina, tudo bom? Bem-vinda

Célia: Olá, Josisley. Olá, todos os ouvintes. Muito obrigada por prestigiarem o podcast Toque 2.

Josisley: Valeu. Muito obrigado. Já ensina aqui para gente como que fala o nome da fanfarra.

Célia: Caramba que pergunta. Olha aqui a gente costuma falar Walther Weiszflog, mas a pronúncia não está correta.

Josisley: Não está correta?

Célia: Não está correta, porque o que a gente já comum de alemães falando a pronúncia do W e do E é diferente disso. É mais um Weiszflog, o E mais como um A, alguma coisa assim. Então, como nós falamos aqui é Walther Weiszflog. Então, fica dessa forma, esse é o certo.

Josisley: Fanfarra de Caieiras.

Célia: Fanfarra de Caieiras. Pronto

Josisley: Vai estar no nosso coração para sempre dessa forma

Célia: A Walther de Caieiras. Pronto.

Josisley: Então, está bom. Então, a gente vai para a nossa vírgula sonora. Esse podcast não tem comentários, nem leitura de e-mails, ea gente já volta com esse bate-papo com a maestrina Célia.

Virgula Sonora: Olá, você está ouvindo o podcast do Toque2 Bandas & Fanfarras do site toque2.com.br. Você também pode ouvir os nossos podcasts através do aplicativo exclusivo do Toque2, disponível para os sistemas Android e IOS. Para entrar em contato conosco você pode acessar as nossas redes sociais através do nosso site ou então pelo e-mail contato@toque2.com.br . E, se você gosta do nosso trabalho e deseja nos ajudar a produzir um conteúdo com qualidade cada vez melhor, acesse a nossa plataforma de contribuição pelo site apoia.se/toque2 e veja como contribuir. Este podcast tem o apoio cultural do Portal Brasil Sonoro. Clique, ouça e toque. Para ter acesso às partituras, digite o site brasilsonoro.com

Josisley: Muito bem, maestrina. Para mim, é uma honra estar falando com você. É a primeira vez que eu participo do podcast onde eu sou o host. A gente já comentou aqui em off que temos um outro podcast com o pessoal do Toque 2, mas a gente trás que a gente nunca conversou com uma mulher. E aí eu falei: “meu, como a gente está muito machista. A gente precisa dar espaço para as mulheres. Elas estão aí, dominaram o mundo, vai ter um filme da Mulher Maravilha, e a gente não falou com uma mulher ”. Então, eu vou tentar aqui ficar todo cheio de dedos, você me desculpe.

Célia: Não precisa. Por favor não precisa. De forma alguma. Eu peço por favor que não fique cheio de dedos, porque, enfim, como você mesmo falou, somos todas pessoas que trabalham pelo meio de fanfarra de banda. Então, acho que não precisa ter recebio algum. Fale normalmente.

Josisley : Então, eu vou começar aqui com 3 perguntinhas, que como eu já te falei, eu copio mesmo do Luciano Pires. Luciano Pires, se você estiver ouvindo esse podcast, um abraço e parabéns pelo Café Brasil, mas eu preciso perguntar. Qual é o seu nome, a sua idade, se você quiser falar, claro, e qual é a sua atividade principal hoje?

Célia: Bom, meu nome é Célia Maria Souza Bittencourt, para resumir o Bittencourt, mais fácil e mais rápido, minha idade atualmente é 34 anos, daqui a 1 hora e meia é 35, que meu aniversário é amanhã.

Josisley: Que legal.

Célia: E minha função atual é ser maestrina da fanfarra de Caieiras. Onde eu acabo desenvolvendo também outras funções. Funções administrativas também. A gente acaba fazendo de tudo um pouco. Quem normalmente está à frente de uma corporação musical normalmente acaba desenvolvendo outras funções.

Josisley: Bom. Eu já quero começar com uma pergunta que é uma dúvida que eu tenho. Você tem algum parentesco com o Zilton?

Célia: Não. Não tenho nenhum parentesco com o Zilton. Vários pensam inclusive que eu sou filha dele. “Ah, seu pai era maravilhoso. Nossa como eu admirava seu pai ” , eu fico até lisonjeada, mas ele não era nenhum parente meu.

Josisley: Bom, você é mais jovem do que eu, mas você tocou então na fanfarra ou participou na fanfarra à época que o Zilton era o maestro da fanfarra?

Célia: Sim, sim. Eu entrei em 94 e ele falecer em 2001. Então, acabei ficando alguns anos sob a batuta dele, sob orientação dele. Gostaria de ter oportunidade de conviver muito mais e aprender muito mais com ele. É meio que até uma frustração que eu tenho, porque ele era uma grande pessoa. Um grande líder. Então, gostaria de ter tido mais convivência com ele.

Josisley: Como que foi lá em 94 a jovem ou a mais, porque você é jovem, uma mulher muito jovem, uma jovem Célia entrando na fanfarra? Como que uma fanfarra chegou até você? Ou como você chegou até a fanfarra do Walther?

Célia:Eu lembro que criança minha mãe me levava para assistir aos concursos aqui de Caieiras. Tenho imagens de uma gente sentada ali na escadaria do estádio assistindo àquelas bandas e fanfarras gigantescas. Algo that ficou muito fixo na minha mente eram aquelas bandas que faziam uma encenação mesmo, a linha de frente era aquele estilo cênico. Então, algo que marcou muito para mim, os componentes das fanfarras de bandas fervendo na arquibancada. E ela também levava a gente para assistir aos ensaios, mas não tinha a princípio nenhuma ligação assim muito forte. Meus pais assim eles sempre foram muito conservadores. Nós sempre ficamos muito em casa. Não éramos muito de sair e frequentar outros lugares. Meu envolvimento com música na verdade começou meio que por intermédio da igreja católica, onde eu comecei a aprender violão com a Fátima Gabriele, que no meio católico é uma violinista bem-conceituada, cantora também. E depois teve um projeto da FDE, na escola onde eu estudava, um projeto de flauta doce, foi onde comunitário meu envolvimento com música. Em 94, amigos e vizinhos meus que participavam da fanfarra me convidaram para entrar, e como eu já tinha esse envolvimento com música eu gostei muito do convite. Foi amor à primeira vista assim. A fanfarra ela tem uma energia muito forte, então foi paixão. Eu podia estar doente, podia estar no que fosse, eu ia aos ensaios, minha mãe ficava louca comigo, mas foi paixão, paixão total. amigos e vizinhos meus que participavam da fanfarra me convidaram para entrar, e como eu já tinha esse envolvimento com música eu gostei muito do convite. Foi amor à primeira vista assim. A fanfarra ela tem uma energia muito forte, então foi paixão. Eu podia estar doente, podia estar no que fosse, eu ia aos ensaios, minha mãe ficava louca comigo, mas foi paixão, paixão total. amigos e vizinhos meus que participavam da fanfarra me convidaram para entrar, e como eu já tinha esse envolvimento com música eu gostei muito do convite. Foi amor à primeira vista assim. A fanfarra ela tem uma energia muito forte, então foi paixão. Eu podia estar doente, podia estar no que fosse, eu ia aos ensaios, minha mãe ficava louca comigo, mas foi paixão, paixão total.

Josisley: Eu sou péssimo de cálculo. Qual sua idade nessa época?

Célia: 13 anos.

Josisley: A primeira vez que vi um campeonato de bandas acho que foi 93 em Caieiras. E àquela época nós não tínhamos internet, nós não tínhamos Youtube. Então, eu me lembro que para escutar uma música que a gente queria você comprava lá uma fita cassete, não era nem CD, e aquele seu amigo fazia uma cópia para você, era muito difícil conseguir o material daquela música que a banda ou fanfarra estava conseguindo. Você acredita que essa falta de tecnologia que a gente tem hoje da comunicação da internet contribuía para você, que não era do meio, ir assistir lá a um campeonato? Ou estaria muito mais relacionado à posição geográfica? Porque Caieiras já tinha essa tradição da fanfarra de Caieiras, porque ela já é um pouco antiga.

Célia: Sim. A fanfarra ela tem 45 anos. Vai completar 46 agora em setembro. Sobre essa questão da tecnologia com certeza influencia sim. Antigamente, você tinha muito menos atividades para fazer, além do que hoje em dia você tem acesso a muita coisa sem sair do lugar. Acesso a vídeos, acesso a conversar com pessoas, sem sair de casa, acesso a jogos. Isso também depende eu acredito de o quanto a pessoa está inserida na cultura. Então, quando a pessoa já tem um incentivo da própria família, ou da escola, ou da comunidade, de estar envolvida com algo cultural, ela vai valorizar qualquer outra atividade cultural. Qualquer que seja. Claro que se a pessoa é bitolada apenas na questão de tecnologia, de você estar numa rede social, apenas nisso, ela vai descartar todas as outras possibilidades, seja música, seja esporte, eu acredito que seja isso.

Josisley: Muito bem. Aí está lá a jovenzinha tocando na fanfarra e acaba tendo essa abertura para o mundo e tal. A gente tem infelizmente um fato que marcou não só a fanfarra de Caieiras, mas todas as bandas do estado de São Paulo, que sempre se lembram e sentem muito, quando a gente perdeu o Zilton. Então, naquele momento acredito eu que você ainda participava da fanfarra naquele momento. E como que foi isso para jovem Célia e para o grupo? Para você que estava inserida naquele meio.

Célia: A morte do Zilton ocorreu num momento justamente em que eu estava mais próxima a ele. Como eu disse, eu entrei em 94 na fanfarra e logo assim eu acho que me apaixonei pela fanfarra e pela liderança do Zilton, era uma coisa muito magnética. E ele começava a falar e eu me calava. Não prestava atenção em mais nada. Eu sempre admirei muito a forma como ele se dirigia ao grupo, me emocionava, me cativava. Não só a mim, mas como a muitos. Logo em seguida, que eu entrei, em meados de 95 mesmo já comecei a ajudar como instrutora. Logo em seguida, em 97, nós tivemos que sair da escola. 96 e 97 nós tivemos que sair da escola Walther Weiszflog. E naquele momento, a fanfarra ficou muito desfalcada. E foi quando eu me aproximei mais ainda do trabalho de instrutora e de atuação junto à diretoria da fanfarra. Quando o Zilton morreu, eu não sei te dizer muito bem como foi para mim, porque eu acho que naquele momento, além do vazio que ficou, a preocupação era não deixar a fanfarra acabar. Acho que era o principal. Ficou como se fosse um vácuo, porque o Zilton ele fazia tudo. Tudo bem que contou sempre com a ajuda de muitas pessoas. Ele não era um grande conhecedor da parte musical. Ele era um grande líder e sempre o foi, mas ele tomava conta de tudo, a parte burocrática, a parte de aulas, a parte de organização. Então, até você preencher isso, levou muito tempo. E até hoje nós assim que somos da época, a garotada nova com certeza não, mas nós que somos da época dele sempre vamos sentir falta de alguma coisa. E a gente fala que hoje a gente precisa de 5 a 6 pessoas para tentar fazer o que o Zilton fazia. Então, a sensação como falei para você é difícil traduzir em palavras. O que posso falar é você é sobre um vazio muito grande e uma preocupação em não deixar a fanfarra acabar.

Josisley: Eu não sei se foi exatamente nessa época, porque a idade já me começa a pesar, mas eu me lembro que o Júnior ele ainda participa de alguma forma da fanfarra? Aquele do trompete.

Célia: Sim. O Júnior ele agora nos últimos anos nem tanto, não estamos tão próximos assim, nem tanto por uma falta dele, mas digamos que por uma questão atual do projeto do Fanfarra. Mas ele atua mais ajudando com aulas eventuais para os alunos. Teve uma época que isso estava bem rotineiro porque a gente conseguiu montar uma turma que ia até a casa do Júnior fazer aula com ele. A gente montou uma turma que estava no nível certo para ter aulas com ele. Como falei, hoje em dia isso não ocorre tanto, porque nosso grupo hoje está muito heterogêneo. Tem a garotada que está começando do zero. Tem o pessoal que está num nível técnico mais legal, só que é um pessoal que também trabalha e faz faculdade. Mas ele sempre é uma disponível.

Josisley: É que eu lembro que uma época o Binder, de Mauá, e o Zilton eles nutriam uma amizade muito próxima e em determinado momento eu me lembro que alguns músicos de Mauá foram dar uma força. Não sei se você lembra, mas ia o Alex. O meu primo mesmo, Fabiano, ele chegou a tocar lá no Walther. Um altão e tal. Eu me lembro que o Júnior foi num ensaio de sábado de manhã, onde os cabeças não estavam, então o Binder colocava os terceiros que fazem primeiro, e eu tinha acabado de ir para pasta de primeiro trombone e o Júnior ficou em pé do meu lado. E ficou ali. Eu, tão tenso, me perdi de tal forma que ele chegou a apontar na partitura.

Célia: Nossa senhora.

Josisley: Imagina. Eu tremendo e o cara ali de orquestra do meu lado. Você se lembra um pouco dessa fase?

Célia: Claro. Claro que me lembro. Por que o que aconteceu? Como eu disse, entrei na fanfarra em 94. A fanfarra ela vinha de anos e anos com praticamente o mesmo grupo. Um grupo que cresceu junto e estava há quase 10 anos junto. Em 94, faleceram 5 componentes da fanfarra. Foi um ano traumático. E encerrou o ano com o falecimento do Nelsinho, que era o braço direito do Zilton. Eram compadres e superamigos. O Nelsinho lá nos anos 80 que montou a fanfarra (infanto), que serviu de base para aquela brilhante fanfarra dos anos 90. Em 95, vários componentes da fanfarra atingiram a idade de se casar, de trabalhar e de fazer faculdade, então vários deles começaram a se desligar. Tanto que em 95 a gente participou apenas de 2 concurso. Que foram Monte More e Itaquá. Muito bem, eu acredito que foi no início de 96 que houve um intercâmbio entre a banda de Mauá e fanfarra de Caieiras. Vários componentes de Mauá vieram participaram da fanfarra para ajudar nesse momento. Alguns componentes da fanfarra, foi o caso da Camila Bianchini, do Felipe Bianchini, não sei se você se lembra.

Josisley: Lembro. Fabiano, você lembra?

Célia: O combinado era o Júnior dar aulas para o pessoal de Mauá. Foram vários meses com eles vindo para cá tocando na fanfarra. Nós chegamos a ir para o estadual de Itaquá de 96 juntos. Só que justamente no final de 96, às vésperas desse campeonato estadual, chegou a notícia que nós teríamos que sair da escola Walther Weiszflog porque a sala que a fanfarra ocupava iria ser utilizada como uma sala de informática. Na verdade, a informação que a gente tem, extraoficial, é que o diretor de ensino da época ele tinha divergências com o Zilton. O Zilton era diretor de escola, aliás um diretor competentíssimo, toda escola que ele se envolvia passava a ser uma escola modelo. Então, foi uma forma que ele conseguiu de atingir o Zilton. A gente foi para o estadual de Itaquá com o coração em pedaços, tanto que ao final do estadual, quando a gente recebeu ali o título de campeões estaduais, ninguém mais tinha o que chorar. Não tinha mais lágrima para chorar de emoção, porque já tinham sido choradas no dia anterior com a notícia de que teríamos que sair do Walther. E foram meses e meses de luta para tentar reverter essa situação, mas não teve jeito. 97, nós tivemos realmente que sair do Walther, teve uma escola que acolheu a fanfarra, que na época era estadual, e atualmente virou municipal, que é a escola Joaquim Osório. Nós tínhamos um cubículo para guardar os instrumentos, mas era o que a escola podia oferecer para nós. E cada parte do material da fanfarra foi para um lugar. Os troféus foram para casa do Vandão, do Vanderlei Cavalaro, alguns instrumentos foram para um galpão na Melhoramentos, os uniformes foram para casa da sogra do Zilton que morava ali perto do Valter. E daí toda apresentação que a gente tinha era terrível para a gente conseguir reunir o material. Foram meses e meses super sofridos. A fanfarra chegou a ensaiar com 15 pessoas ali na Joaquim Osório nos anos de 97, 98 e 99, que foram anos terríveis. Tanto que foi muito decisiva a ajuda do prefeito na época, que foi o Pedro Sérgio Graf Nunes. Ele viabilizou a construção da sede da fanfarra, a sede atual, num terreno que tinha ao lado dessa escola, Joaquim Osório.

Josisley: Isso foi depois da morte do Zilton ou antes?

Célia: Não. Isso foi antes.

Josisley: Antes? Ok.

Célia: Então, como eu falei, às vésperas do estadual de Itaquá a gente recebeu notícia que teríamos que sair do Walther. Em 97, nós efetivamente saímos. No final, não tenho certeza, de 97, ou início de 98, começou a construção da sede da fanfarra ao lado da escola Joaquim Osório, que era onde a gente estava ensaiando. Em dezembro de 98, a sede foi inaugurada. E eu lembro que na inauguração da sede, que foi justamente no aniversário de Caieiras, teve um desfile cívico, e após o desfile teve a inauguração da sede. E nós temos a filmagem desses momentos que antecedem à apresentação da fanfarra. O Zilton sempre foi uma pessoa de momentos antes de qualquer concurso ou apresentação reunir a fanfarra e passar uma mensagem de motivação e de energia. E naquele dia ele estava tão esgotado que ele falou: “hoje, eu preciso de vocês”, ele estava esgotado. E o Zilton faleceu 3 anos depois, em 2001. E ele faleceu num processo de reconstrução da fanfarra, porque como falei nessa época, meados de 98 e 99, a fanfarra estava bem pequena, estava bem diferente do que ela tinha sido anos atrás. Foram anos bem sofridos, anos que o Zilton contava com pouquíssimas pessoas ali na fanfarra ao lado para desenvolver o trabalho.

Foi um momento que acredito que ele se desgastou muito emocionalmente, aqueles momentos que acho que todo líder passa. Momentos de teste mesmo.

Josisley: Só para a gente passar uma régua, que essa história é uma história muito triste, eu queria dizer que toda banda, toda fanfarra, todo grupo campeão ele tem uma história por trás. Eu percebo nas suas palavras. Vocês construindo uma sede, enquanto a gente aqui em Mauá estava perdendo a banda, e estava começando a desfilar com calça jeans e camiseta. Então, para você ver, enquanto uma cidade começa a revalorizar a sua entidade, a enxergar nela algo cultural, bom e construtivo, a gente perdia aqui, porque foi bem na troca dos governos. Só para fazer uma referência, a gente acaba citando muito Mauá, mas em 2004, último campeonato nacional que participei, a gente disputou contra o João 23 e foi o último campeonato deles também. Eu me lembro que eles saíram dali e os instrumentos que não eram do colégio já foram para casa dos músicos. Então, eles eram uma banda campeã também e você vê que todo grupo relevante tem uma história por trás de luta, de vontade, de fazer acontecer. E uma Walther é uma dessas também, com vários agravantes claro. Mas só para a gente alinhar, você me corrija, mas até para quem não sabe, o Zilton ele não morreu de causas naturais, foi num acidente de carro. Foi isso?

Célia: Isso. Isso mesmo.

Josisley: Foi num acidente de carro, então foi uma coisa muito trágica, porque ninguém esperava. Eu lembro que nessa época eu trabalhava em São Paulo junto com o Binder, a gente até brincava que ele era contratado para ser maestro da banda, não tinha mais banda e ele tinha que pôr o arroz e feijão em casa, que ele tinha família. E eu acabei tendo a oportunidade de trabalhar junto com ele. E a gente chegou no escritório, abriu a porta e falou: “olha, tem uma péssima notícia”, e ele me deu a notícia do acidente do Zilton. E realmente foi uma pena. Então, é aquele baque. Não é algo que está doente e você vai se preparando. A gente tem aquela fé, mas a gente sabe que o pior pode acontecer. E aqui não. Você está em casa e de repente recebe um telefonema e fala: “olha, essa pessoa que você ama, que você admira, não está mais aqui”.

Célia: Exatamente. Foi um baque e naquele momento, como eu falei, todo mundo sentiu esse vazio. O mais importante daquele momento, por mais erros que tenham sido cometidos na época, foram todos na intenção de que a fanfarra não acabasse, que todo trabalho que o Zilton tinha realizado até então não tivesse sido em vão. Não só ele, mas também outras pessoas que já haviam passado pela fanfarra. Então, eu lembro que logo após o falecimento dele havia uma apresentação na Freguesia do Ó, ele faleceu em agosto e a apresentação era em setembro. E a gente foi para aquela apresentação. É uma coisa de louco. O pessoal todo quebrado emocionalmente, mas nós fomos. A diretoria na época nessa pegada de não deixar acabar. Vários componentes que não estavam mais frequentando os ensaios voltaram a frequentar. A fanfarra voltou a ficar, inclusive, grande. Tanto que em 2002 a gente participou do campeonato estadual em Ribeirão Preto e participamos de Cristais Paulistas. A fanfarra até estava boa, estava grande. E olha só como são as coisas. Desde 96, a fanfarra não participava de nenhum concurso. Precisou o Zilton morrer para alguns componentes voltarem, o trabalho criar mais força e a fanfarra voltar a participar de concursos. Quando o Zilton morreu em 2001, a gente vinha num processo de formar muita gente nova. A gente havia começado um projeto de divulgação da fanfarra, de formação de novos alunos, mas era tudo garotada nova. Tanto que eu lembro que a gente participou daquele festival que tinha lá em Cidade Ademar. Acho que foi em 99 ou 2000. Mauá inclusive participou também.

Josisley: Foi. Roubaram o meu carro.

Célia: Nossa. Que horror.

Josisley: Com o troféu dentro ainda. A gente teve que pagar depois um troféu para o pessoal lá. Era a fanfarra Agulhas Negras.

Célia: Águias. Águias Negras.

Josisley: Águias Negras isso.

Célia: Águias Negras.

Josisley: É.

Célia: Enfim, a fanfarra quando o Zilton faleceu estava grande, mas era muita molecada. Com o falecimento dele, muitas pessoas voltaram com essa preocupação de manter a fanfarra viva. E acabou que a fanfarra foi para concurso e nós ficamos em terceiro lugar naquele ano. Foi até um resultado bom. A gente só não foi para o nacional, que se eu não me engano foi em Campos de Goitacazes, alguma cidade do Rio, por questão do custo, mas a fanfarra estava boa.

Josisley: A gente sabe que o Walther firme e forte continuou essa jornada. Mas aí num belo dia alguma coisa aconteceu que você virou a maestrina. Eu queria saber agora um pouco como que foi isso. Você teve que ter uma preparação? Você estudou? Você teve alguma formação formal de música para assumir? Aquilo foi muito natural? Fala um pouco para gente como que aconteceu esse momento: “Olha, Célia, parabéns, agora você é maestrina da banda”.

Célia: Como eu falei, a partir do momento em que eu entrei na fanfarra eu já comecei a desempenhar um papel de instrutora. E sempre admirei muito a liderança do Zilton, a forma que ele se colocava perante o grupo, a questão moral e ética que ele colocava. Isso sempre norteou. A partir do momento em que ele faleceu, durante alguns anos a fanfarra passou por um período de transição. Ela quase veio a acabar no início de 2004. Porque no final de 2003 a gente tentou virar banda. No início de 2004, teve o primeiro ensaio e pouquíssimas pessoas apareceram. E eu, meu esposo e mais um casal de amigos, que é o Marcelo Ribeiro, o Paraná, que nós apelidamos, porque ele é paranaense, obviamente. Ele já tocava lá no Paraná, veio para São Paulo trabalhar aqui e como admirava o trabalho da fanfarra começou a participar aqui com a gente. A Camila, esposa dele, nós nos reunimos e falamos: “não vamos deixar acabar. O que podemos fazer? De banda a gente não entende muito bem, entendemos de fanfarra. Então, vamos voltar a ser uma fanfarra. O que mais poderíamos fazer? Nós podemos começar projetos nos bairros do município em parceria com escolas para formar novos músicos”. E isso por nossa própria conta, sem pedir nada para prefeitura. Já existia obviamente a associação Amigos da Fanfarra de Caieiras, mas sem pensar em utilizar qualquer recurso que a fanfarra já tinha, porque a gente queria investir na fanfarra. A gente não queria tirar nenhum recurso que ela tivesse. Nós queríamos aumentar os recursos dela, tanto humanos, quanto financeiros. Então, a gente começou esse trabalho nos bairros. A partir desse momento em que a gente começou esse trabalho nos bairros, eu particularmente senti a necessidade de ir atrás de conhecimento pedagógico, de formação de crianças na música. Nisso, procurei minha professora de flauta doce, lá de trás daquele projeto da escola. Projeto Escola Aberta, realizado pela FDE. E ela, minha professora de flauta, Valéria Ruiz, que inclusive também era professora da OLM, indicou a Eni Parejo, que é uma professora maravilhosa de educação infantil. Ela tem o ateliê dela, ela tem os cursos próprios do ateliê dela. Eu fui atrás e comecei a fazer os cursos do ateliê. Aliás, recomendo para todo e qualquer educador musical. E nisso comecei a seguir a Eni Parejo. Ela participou num curso no Mackenzie, chamado Educação Musical do Berçário à maturidade, que foi realizado durante alguns meses. Eu fiz e fui participando de seminários de regência para ter também esse conhecimento, mas na época meu foco era educação musical infantil.

Josisley: Vamos lá. Vamos só contextualizar aqui. Você era um pouco mais jovem do que é hoje e você é uma mulher que já era casada?

Célia: Não. Até me perdoe. Eu trabalhava em 2004 nesse reinício da fanfarra como instrutora, apenas como professora. O maestro na época.

Josisley: Sim, mas você trabalhava como instrutora na fanfarra ou você tinha um emprego regular?

Célia: Na época, eu trabalhava com informática, Josisley. Na verdade, minha formação acadêmica mesmo é analista de sistemas. Eu trabalhei durante 10 anos como analista de sistemas. É uma coisa assim tão longe que acho que até já deletei do meu histórico.

Josisley: Temos aqui então 2 analistas de sistemas conversando.

Célia: Exato. Sabe o que eu acho legal? É que eu trabalhei mais na área de automação industrial. O Juninho do João de Deus ele trabalha exatamente com o mesmo software que eu trabalhava na época. O Juninho também é programador da área de automação industrial e regente de uma corporação. Então, acho isso uma super coincidência.

Josisley: Incrível. Enfim, você tinha, creio eu, os seus sonhos pessoais de eventualmente ter uma família ou não, estou aqui elucubrando claro. Mas você quer ter sua casa, você quer ter seu carro, você quer ter seu filho, você quer viajar. Enfim, você tem os seus sonhos. E tem o lance da fanfarra. Que é aquele negócio que a gente tem o coração ali, pelo menos assim que funciona comigo. Eu prefiro ir para o ensaio da banda a ir para praia. Como que foi convergir isso? O seu gosto pessoal com esse amor incondicional pela fanfarra?

Célia: Olha, posso dizer que é até difícil falar isso, mas muitas vezes a fanfarra esteve acima de muitas coisas da minha vida. Veja bem, eu trabalhei durante 10 anos com informática. Mas a fanfarra que sempre foi meu foco. Eu quando não estava trabalhando e estudando na época que fiz a faculdade meu pensamento era a fanfarra, era a música, entendeu? Eu me lembro claramente a época que eu tive que fazer meu TCC da faculdade e tive que ficar alguns meses sem participar do ensaio da fanfarra. Nossa, eu estava na reunião do TCC e eu chorava, uma coisa de doido. Então, a fanfarra sempre foi quase que uma prioridade para mim. Mas voltando a sua pergunta de como vim a assumir a regência da fanfarra. Em 2004, quando a gente assumiu os projetos nos bairros, eu comecei a buscar conhecimento nessa parte pedagógica. E o maestro da fanfarra na época era Josué Branco Zuglianos. Convidamos ele, que foi uma pessoa que sempre esteve ao lado do Zilton, para assumir a regência da fanfarra. Só que ele era uma pessoa de muita idade. Chegou num momento que ele não conseguia mais até acompanhar a fanfarra na marcha, dar os comandos, ficava muito desgastante para ele. E ele mesmo veio a se manifestar sobre isso. Isso foi em 2007. E na época nós tínhamos a diretoria da fanfarra. Sendo os mais atuantes eu, o Renato, o Marcelo Ribeiro e a Camila. E nós falamos: “alguém vai ter que assumir a regência da fanfarra”, e como eu já tinha ido atrás desse conhecimento mais técnico, pedagógico, de regência, acabou indo parar na minha mão isso. Então, foi um processo muito natural. Eu não posso dizer para você que foi algo que eu sonhei, mas acabou acontecendo de forma muito natural.

Josisley: Não tem jeito, a gente tem que falar nisso, como a gente já falou aqui, você faz parte de uma, entre aspas, minoria. Na minha opinião o ambiente de bandas e fanfarras ele é um ambiente que não tem espaço para preconceitos. E ele é um ambiente que a minha vivência no meio nunca veio à tona esse tipo de discussão. Vou dar exemplos. Nós temos muitos mores, mas muitos são homossexuais assumidos. Nós temos negros, nós temos brancos, nós temos pobre, toda classe social. E hoje em dia, na região nordeste principalmente, o Fabiano sempre me fala, existe uma nova categoria que eles chamam de balizadores, que é a figura da baliza só que masculina. E obviamente são homossexuais e tal. Mas eu me lembro que nos anos que eu toquei na Bandalheira não era algo que a gente discutia. Nunca teve aquela piadinha do cara ser gay ou da menina ser lésbica. A gente nunca entrou neste contexto. Era uma relação de muita amizade, muito próxima, nós tínhamos muitos amigos que viviam em bairros que a gente sabe que são bairros ruins mesmo de Mauá, com falta de recursos e tal. Mas essas discussões nunca vieram à tona, era sempre o nosso amigo que estava ali, a gente compartilhava aqueles momentos. Era uma família que não tinha espaço para esse tipo de coisa. Agora, eu me lembro também nessa época que existia uma maestrina, mil perdões porque não vou lembrar o nome dela.

Célia: Cristina Kaiser?

Josisley: Ela mesma. Ela era regente do Jardim São Paulo acredito eu.

Célia: Exato.

Josisley: E eu quando a gente comentava a gente gostava muito que ela tinha um gosto muito peculiar para o repertório que eles tocavam e a gente adorava. Eu lembro a última vez que eu vi ela regendo foi em 2003, num campeonato de Vila Santa Isabel, não na cidade, e eles tocaram o tema do Frankenstein e eu pirei naquilo, achei fantástico. Então, ela gostava dessas músicas tensas. Você é mulher e você acabou de me falar que tinha um senhor que estava ali à frente, a figura do homem patriarca e tal, e de repente está uma moça delicada, com cabelo arrumado, enfim feminina. E agora eu tenho que seguir a regência dessa mulher, quem ela está pensando que é e tal? Então, eu queria, se possível, que você fizesse justamente esse comentário nessa linha desse preconceito que do meu ponto de vista não existia, pelo menos no grupo que eu participava, que estava mais próximo, e a sua dificuldade ou não de subir em cima do palanque, do pódio e reger a fanfarra.

Célia: Olha, Josisley, é tão difícil falar sobre isso, porque eu nunca senti isso, entendeu? Eu nunca senti preconceito. Ou, talvez, porque eu dei tanta importância para pessoas negativas que a atuação delas não me afetou em nada. Talvez, eu não percebi. Porque talvez eu tenha um filtro, um ouvido seletivo. Eu simplesmente ignorei, porque se a gente tem consciência de que a gente está fazendo nosso melhor, que a gente está fazendo uma coisa boa, a gente não deve deixar se abater nunca. Eu não vou falar para você que eu não tenha percebido alguma coisa assim bem leve, de uma pessoa ou outra, mas é tão insignificante, porque eu simplesmente trabalho, procuro fazer o meu melhor e fazer uma coisa boa. Aqui na fanfarra a gente tem um credo que a gente fala que a gente acredita que é possível fazer uma coisa boa com a ajuda de cada um. Então, sempre foi dessa forma. É difícil para mim falar de preconceito, porque eu nunca senti. Sério mesmo. Nunca senti.

Josisley: Eu tive a oportunidade há algumas semanas de conduzir um ensaio lá na banda Lira. A gente está passando por um processo difícil aqui também e o Binder pediu minha ajuda, falou: “está faltando braço aqui, vem me dá uma força”, eu falei: “vou”, e eu comecei a conversar com o pessoal lá da banda justamente isso. Que o nosso meio ele parece que é extremamente democrático. Eu acho que é esse o sentimento mesmo que a gente tem. Você sempre vai ter aquele espírito de porco, não tem jeito, mas em geral acho que é bem tranquilo.

Célia: Sim. Veja bem, Josisley, olha que loucura. Como falei, em 2007 eu assumi a regência da fanfarra. Em 2007, a gente participou do nosso primeiro concurso dessa nova fase. Em 2009, a gente começou a participar do campeonato estadual. Em 2010, eu fui para assembleia na minha vida de uma entidade representativa do segmento de fanfarras e bandas, que na época a gente já estava filiado ao CIFABAN. Em 2009, a gente tinha se filiado e em 2010 participamos da assembleia. Em 2012, eu assumi a diretoria da CIFABAN, entendeu? Então, eu acho que é a questão de você pôr a mão na massa, independentemente em que seja. Acho que isso não importa, o que importa é você trabalhar, e você vai ser respeitado por isso. Respeito é uma coisa que você exige, você impõe, você conquista. Então, eu ainda tenho, obviamente, muito o que aprender. Eu, mais do que ninguém, sei das minhas falhas, das coisas que ainda preciso aprender e ir atrás. Mas eu repito: o que sei fazer é trabalhar. Ponto. E eu sempre quero colaborar de alguma forma positiva para o grupo ao qual eu pertenço. Então, se eu pertenço a Fanfarra de Caieiras, eu quero colaborar da melhor forma para ela, estando à frente ou não. Se eu participo do CIFABAN, eu quero colaborar da melhor forma possível para com o CIFABAN, estando na diretoria ou não. Então, essa é a forma que eu penso e busco agir, entende?

Josisley: Qual foi a sensação depois de tudo isso que a gente falou? Chegou o grande dia e você vai reger a fanfarra em um campeonato. Então, a gente está saindo lá de 94, sua mãe levando você para assistir ao campeonato lá de Caieiras, você nem fazia parte daquilo e, de repente, você está à frente de um grupo. E, aí, como que foi?

Célia: Nossa, foi muito emocionante, até mesmo porque a fanfarra se superou. Mas eu olho um vídeo da minha regência. É péssimo. Eu dou risada demais. É muito ruim. Pelo amor de Deus. Eu não olhava para os músicos. Eu olhava mais para cima, para o céu, não sei. Eu sei que há uns 2 anos a gente teve encontro de ex-componentes na fanfarra, e daí a gente passou vários vídeos antigos, década de 80, 90, e foi vindo até chegar em 2007 na minha primeira regência de concurso. Eu dei tanta risada, eu chorei de rir. Aquele negócio de você rir de si próprio de uma forma positiva. Mas assim, como eu falei, foi emocionante, mas quando eu vejo o vídeo de minha regência em Santa Fé, Mauá estava lá também, inclusive, no ano de 2007, quando vejo aquele vídeo, eu dou muita risada. Acho que melhorei bastante, modéstia à parte, desde daquele dia. Mas, olha que engraçado, Josisley, para mim a escalada é muito mais importante. Quando chega ali na hora, eu sempre fico muito emocionada, dá aquele frio na barriga, mas tudo que a gente passou para chegar até ali para mim é muito mais importante. Quando acaba, quando a gente toca, eu só quero saber se a gente foi bem para nós mesmos, entendeu? E ponto. O resultado ali do concurso é uma consequência, um mero detalhe. Porque aí é com a organização do concurso. Se nós formos merecedores do título, aí é uma questão da comissão avaliadora do evento. Se, por acaso, alguma coisa ficar contraditória, não vai ficar feio para gente, vai ficar feio para organização do evento. Então, isso é um mero detalhe. O meu foco é a escalada, é a luta diária, é ensinar aquele aluno do zero, é fazer com que todos estejam presentes no ensaio, criar mecanismos para que o ensaio seja agradável. E não é uma coisa fácil você conseguir manter o grupo unido, ali todos os dias no ensaio, um grupo heterogêneo. Nós somos uma fanfarra sênior, mas a gente tem pessoas de todas as idades. Então, esse é o grande foco, o grande tesão, digamos assim, do trabalho. A escalada.

Josisley: Eu me lembro que o Binder ele sempre usava a fanfarra de Caieiras como exemplo. E um dos exemplos que eu trouxe comigo é que ele falava que a fanfarra de Caieiras ela tinha uma coluna dorsal ali, que eram aqueles componentes que seguravam a fanfarra. Então, as pessoas vinham participavam, saíam, mas tinha uma estrutura ali que sempre manteve a fanfarra viva. Isso eu estou falando lá de 94, 95, hoje, 2006, nós estamos aqui falando e eu estou falando com uma pessoa que fazia, que é essa coluna dorsal da fanfarra de Caieiras.

Célia: Sim. O Zilton sempre usou esse termo. Ele sempre usava esse termo para definir esse grupo.

Josisley: É? Parabéns, maestrina. Um trabalho excelente, digno de aplausos e, efetivamente, digno de reconhecimento de todo o meio de bandas e fanfarras. Agora, para o final, antes de a gente ir para o nosso finalmente, eu gostaria de deixar um espaço aberto para você falar o que quiser, mandar um recado, agradecer, dar um conselho, enfim, use o tempo para falar o que quiser.

Célia: Nossa, essa daí acho que é a mais difícil, Josisley.

Josisley: Uma grande que minha mãe me deu quando eu me casei é que sempre que você for fazer qualquer tipo de agradecimento comece pela sua esposa.

Célia: Nossa, isso evita grandes problemas.

Josisley: Sim. E na realidade a nossa família, de quem gosta de banda e vive no meio, acaba sendo impactada, não é? No caso, minha esposa toca, mas não está participando ultimamente, até por causa da bebê, mas a família acaba sofrendo, se não está inserido no meio, acaba sofrendo um pouco.

Célia: A minha atuação só é possível, com certeza, porque o Renato está sempre junto comigo. Na verdade, como falei para você, nós somos um grupo de algumas pessoas que busca fazer o que o Zilton fazia, o que uma pessoa só fazia. Bom, eu gostaria de agradecer e parabenizar toda a equipe da fanfarra, diretoria, na pessoa do Renato, que é meu esposo, meu fiel parceiro, sem ele com certeza não seria possível, porque acho que a gente se completa muito. Justamente os pontos que eu não tenho tanta desenvoltura ele atua. E claro que tem outras pessoas também no grupo. Posso falar da parte musical, o Marcelo Ribeiro, grande parceiro também. A fanfarra não estaria no nível técnico que está se não fosse ele. E todos os demais instrutores da fanfarra que fazem um trabalho maravilhoso com muita dedicação. Agradecer a todos os componentes da fanfarra, os pais e os amigos da fanfarra, todos aqueles que torcem por nós, que direcionam pensamentos positivos para gente, todas essas pessoas são muito importantes. E claro, até mesmo por conta da história da fanfarra, a fanfarra de Caieiras, que perdeu o nosso grande líder, fundador, nosso mestre, nosso professor, Zilton Bicudo, e graças ao empenho, não só nosso, como de várias pessoas, é possível continuar a trajetória da fanfarra. Eu peço que não somente os maestros, os dirigentes, mas os componentes das fanfarras e bandas tomem consciência de que eles também são responsáveis por essa continuidade. De zelar sempre pelo funcionamento da corporação, não deixar que acabe, por mais que tenham dificuldades. Você mesmo citou algumas coisas pelas quais a banda de Mauá passou e vem passando. Não é fácil. Então, tem que ter muita força, muita dedicação, para manter, não pode deixar acabar. Tem que ter força, tem que ter perseverança, porque vale a pena sempre.

Josisley: Maestrina, eu acho que eu não te avisei, mas foi bem proposital, porque era para pegar na emoção mesmo. Todo final de podcast, a gente tem a sessão Toca na Pista, onde nós escolhemos uma música significativa. E nada mais justo, como você é convidada, você escolher a música para tocar, para a gente terminar esse bate papo. Mas claro que não pode ser qualquer música. Você tem que escolher e nos dizer o porquê você está escolhendo essa música.

Célia: Bom, eu vou escolher Triângulo das Bermudas, que é uma música que faz parte do repertório da fanfarra, uma música que marcou muito a nossa trajetória. Uma, porque ela foi indicada por um ex-componente da fanfarra, Fabrício Coghetto, que é um grande amigo nosso, aquele amigo que você tem o desentendimento muito grande, mas pela força amizade, aquilo é superado. O desentendimento que nós tivemos foi justamente por conta da fanfarra, naquela época pós-morte do Zilton, ficamos acho que anos, nem me lembro, sem ter um bom relacionamento. E graças a Deus superamos, a amizade voltou, e anos depois ele indica essa música para gente. E essa música foi responsável por um dos momentos mais marcantes e mais maravilhosos dessa nova geração da fanfarra, desse novo capítulo da nossa história, que foi no nacional de 2013, lá em Taubaté, onde a fanfarra se superou. Cada um dos componentes se superou e a gente apresentou ela de forma brilhante. Não só ela, como também uma outra música do Júnior, que na época estávamos tocando, mas foi marcante ver a reação das pessoas. Eu lembro que o Arthur da Weril ele veio emocionado falar com a gente, perguntando o que é que havia acontecido naquela pista, naquele momento, como nós havíamos tocado de forma tão majestosa. E eu penso: “poxa, o Arthur da Weril, que acompanha há tantos anos as fanfarras e bandas, um músico, ele já viu diversos grupos tocando, e a fanfarra ser capaz de emocionar uma pessoa dessas”, então, com certeza, Triângulo das Bermudas. E, com ela, eu homenageio toda essa garotada que mantém a história da fanfarra viva. Porque não iria adiantar só eu, só o Renato, só o Marcelo Ribeiro, só a Camila, só Silvana, Só Walnei e tantos outros instrutores. Não iria adiantar de nada o nosso trabalho, se não fosse essa garotada comprar a nossa ideia. Então, Triângulo das Bermudas, com certeza, de José Alberto Pinha.

Josisley: Muito bem. Então, nós vamos terminar esse bate-papo, que foi maravilhoso. Viu? Nem doeu, não é, maestrina?

Célia: Não. Eu até sou muito prolixa. Não é, Binder? Ele vai saber do que estou falando.

Josisley: Ninguém ganha do Binder. Desculpa.

Célia: Não, mas o Binder falou que eu sou prolixa e ele está certo, porque falo demais. O sujo falando do mal lavado?

Josisley: Pode ser também. Acho que músico, maestro, é prolixo. Então, nós estamos terminando aqui esse bate papo fenomenal que a gente conheceu um pouco mais sobre a história da fanfarra do Walther e da maestrina, essa mulher fantástica, que está ali à frente desse projeto que é fantástico. E vamos escutar, então, Triângulo das Bermudas. Muito obrigado, maestrina. E até o próximo podcast Toque 2.

TOCA: Triângulo das Bermudas (El Triángulo de las Bermudas / José Alberto Pina)

FIM.

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